Faz 50 anos em Dezembro e, para os celebrar, Maya aceitou posar para a revista masculina FHM. Uma produção que deu que falar, mas que a relações-públicas e empresária encarou com a maior descontracção. Maya (Eunice Cristina Maia de Carvalho de seu nome de baptismo) explicou à CARAS as razões que a levaram a fazer essa produção fotográfica e as repercussões que ela teve, bem como das reacções que provocou no seu filho, Vasco, de 16 anos, e na sua mãe, de 86 anos. Numa conversa frontal e intimista, Maya falou ainda de relações amorosas, de casamento e da forma como encara o futuro, tanto a nível de afectos como de projectos profissionais.
- Precisou de alguma coragem e ousadia para aceitar posar para a FHM...
Maya - Na verdade, nem pensei muito no assunto. Foi um desafio do João Godinho, director da FHM, que achou que eu podia ser capa da revista. Sendo que, como ele próprio diz no editorial, era um risco grande, porque a revista tem um público-alvo muito jovem. E eu fui a mulher mais velha em todo o mundo que fotografou para uma FHM. Fazer aquela sessão fotográfica foi, por isso, um marco histórico para mim e para a revista. É preciso perceber-se que as pessoas têm idade e envelhecem, mas podem manter-se activas, fisicamente bem e sexualmente normais ou regulares. Dos 45 aos 50 anos, as mulheres atravessam várias crises, em que não gostam de si, do seu corpo, não se sentem bem amadas. Para muitas, esta é a altura em que os filhos saem de casa e sentem-se mais sozinhas. Por isso, acima de tudo, eu quis fazer uma produção que ajudasse as mulheres a perceberem que podem chegar aos 50 anos com uma vida normal. Não quero nem nunca quis parecer uma miúda de vinte ou trinta anos, mas quis mostrar que estou bem e muito contente comigo e com o meu corpo.
- Alguma vez atravessou uma crise do género das que fala?
- Atravessei várias crises. Nas mudanças de idade, sobretudo. A primeira vez que me senti mal comigo própria ainda era muito nova, porque era a mais feia do meu grupo de amigas. Elas eram todas lindas, e eu era muito magrinha, com o nariz grande, não tinha aprendido os truques de maquilhagem que sei hoje, enfim, sentia-me o patinho feio do meu grupo de amigas. Compensava tudo isso divertindo-me, sendo culta, estudando, sendo simpática... Achei que podia não ter um grande impacto à primeira vista, mas que depois de me conhecerem iriam gostar de mim. Depois, a minha segunda grande crise foi com a primeira separação, porque sempre cresci com aquela máxima de que quando se casa é para toda a vida. Ninguém se casa a pensar em separar-se...
- E como é que, aos 50 anos, e depois dessas crises, se mantém em tão boa forma?
- Não existem grandes segredos. Acho que o grande segredo é ser livre e fazer tudo o que quero. Não viver amarrada, amargurada ou acomodada, porque o nosso bem-estar físico é um reflexo do psicológico. Costumo dizer que o corpo é um veículo da alma.
- Como reagiram as pessoas que a rodeiam, nomeadamente o seu filho, à produção da FHM?
- O Vasco tem 16 anos, está numa idade muito difícil, em que os colegas rapazes começam a interessar-se por esse tipo de revistas, e ter a mãe na capa de uma revista masculina não era seguramente o sonho da vida dele. Mas, felizmente, encarou tudo com uma grande naturalidade, até porque ele percebe que a vida que temos deriva, também, da minha exposição. E sabe que posso protegê-lo sempre, com bom senso, mas que não posso deixar de me expor. Expliquei ao Vasco como funcionou a minha negociação com a FHM, que resultou em que eu passasse a fazer as festas deles, e, por isso, o meu filho sabe que esta produção não foi só um capricho da mãe. E a minha mãe, com 86 anos, e o meu irmão foram as primeiras pessoas a ver a capa, e acharam bem. Porque a produção está muito cuidada e bonita, não tem um pingo de ordinário ou vulgar. E penso que consegui passar a mensagem de que as pessoas da minha idade não são trapos e ainda podem ter muito para dar.
- A idade parece não ser uma preocupação para si, concretamente nas relações amorosas...
- Já passei por algumas relações com uma diferença de idades grande, e a verdade é que isso é muito mais visível para quem está de fora. Quando se gosta, desvaloriza-se isso. A diferença de idades numa relação pode notar-se mais nas ideologias, na experiência, naquilo que já se viveu e que ainda se quer viver. Mas a parte física é algo que tem que ver com vibrações, com químicas, não tem nada que ver com idades. Sinto-me muito confortável nos meus relacionamentos, seja com uma pessoa mais nova ou com alguém da minha idade. O amor acontece e não olha a idades.
- Neste momento, o amor está a acontecer?
- Não, neste momento estou sozinha. Neste momento, estou numa fase de transição, em que vou conhecendo pessoas, conversando bastante, mas não surgiu ninguém no último ano e meio, alguém com quem pudesse dizer que tenho uma relação. Poderá surgir ou não, mas até lá vou mantendo os meus afectos em dia.
- Um terceiro casamento é que já não faz parte dos planos...
- De facto, casei-me duas vezes, no papel, e tive duas uniões de facto, que para mim têm o mesmo valor que os casamentos. Até costumo dizer, na brincadeira, que o meu marido favorito foi o terceiro, com quem não fui casada no papel. Por mim, preferia não voltar a casar-me, mas não posso dizer que não o farei se isso fizer sentido para a pessoa com quem eu possa vir a estar.
- Aquilo que poderia incomodar muita gente, chegar aos 50 anos sem uma relação estável, para si parece ser o oposto...
- Não me incomoda nada não ter uma relação estável. Não vivo sozinha, vivo com o meu filho. E adoro a relação que tenho com ele. Vivemos muito bem os dois. Um dia ele vai sair de casa, esse momento está cada vez mais perto, mas não me assusta muito. Terei que me adaptar a uma nova condição.
- Gostava de ter tido mais filhos?
- Gostava muito de ter tido mais filhos. Até uma certa idade achei que não podia ter filhos, porque tive algumas disfunções quando era nova. Depois, nos meus primeiros casamentos, era impensável. E o Vasco só nasce no meu quarto casamento, tinha eu 33 anos. Depois de ser mãe, a minha vida mudou muitíssimo, mas fiquei feliz. O mais difícil foram os primeiros dois anos, porque vivia sozinha na Ericeira, e não sabia ser mãe. Tinha medo. Estava só com o pai do Vasco, que não me deu muito apoio. Passados esses dois anos, comecei finalmente a pensar de novo em mim. Reparei que não tinha perdido peso nenhum, continuava disforme, enfim, estava muito infeliz. Decidi então separar-me do pai do Vasco e passei a viver sozinha com o meu filho. Foi também a partir daí que comecei a ficar mais conhecida pela imprensa e que comecei a ser mais livre e independente.
- Hoje sente-se uma mulher realizada?
- Não, e espero nunca me sentir. Aliás, continuo cheia de projectos, muitos deles inovadores, e que me vão realizar noutras áreas, apesar das muitas em que já entrei. Em 2009, por exemplo, muita coisa mudou na minha vida, entrei noutras áreas das relações públicas. E ainda este ano vou abrir um novo espaço, polivalente, que vai abranger várias áreas. Por isso, muita coisa nova vai acontecer em breve...
Autor: Rodrigo Freixo - Caras.pt
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